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No mesmo dia, a família tinha seu jantar. E lá Dione parecia bem alheia as conversas dos presentes lá.
A mulher buscava memórias em sua mente, sobre os acontecimentos passados da sua vida, tanto o bullying que sofreu - e que não lembrava - quanto em como tudo aquilo seria resolvido. Finalmente uma luz no fim do túnel? Era dificil saber. E dificil de acreditar.
- Você está bem, Di? Mal está comendo a refeição de hoje. - Perguntou Felícia, encarando a mulher por alguns segundos.
- Ah, tô dando uma pensadinha no caso, sabe...? Heh. - Dione a olhou de canto, suspirando e comendo algumas garfadas da comida, tentando disfarçar.
- Mas não havia acabado, amiga? - Flora perguntou, já com um olhar mais sério, pensativa.
- Não. Meu pai disse que tem... provas boas. Que podem levar para o caso o mais rápido possível.
- E ele vai antes, ou você? - Flora ainda mantinha seu olhar em Dione, preocupada com a amiga de longa data.
- Eu primeiro. O Daniel vai ficar em casa cuidando da Linda.
- Éééé... - Daniel suspirou, meio frustado. - Queria poder ir junto, mas estou bem incapacitado depois daquela merda lá. - Ele deu de ombros, voltando a comer.
Felícia deu um breve sorriso, fitando o homem. - Fica tranquilo, tio Dani! Vamos cuidar bem da Dione!
No dia seguinte, Flora levou Dione de carro até a delegacia novamente, e é claro, ficou esperando na sala de espera que havia por lá.
Antes da mulher subir, Flora deu todo o apoio que ela precisava, para que ela ficasse menos nervosa. Porém, ao chegar lá, era visível que essas memórias, mesmo que tão antigas, ainda a machucavam.
Ao perceber a tensão de Dione, a policial disse calmamente: - Vá no seu tempo. Certinho? Seu pai contou que você tinha um colega de sala - e vizinho - completamente complicado de lidar, queria saber mais sobre.
Dione concordou com a cabeça, suspirando profundamente e ajeitando seu cabelo curto, fechando os olhos. - Vamos lá... - Ela disse, após suspirar de novo.
- Bom... - Ela engoliu a seco, forçando um sorriso. - Nos meus anos escolares, havia um garoto que ela encanado comigo. Sabe? Fazia de tudo pra eu prestar atenção nele, e isso também contava coisas ruins, como me agredir... Roubar minhas coisas.
A policial ouvia atentamente, anotando tudo em seu bloquinho.
- E como era a casa de vocês? - A policial perguntou, mantendo-se atenta a cada detalhe novo.
- Era... simples. Meu pai não tinha muito dinheiro e tinhamos sido recém despachados da casa antiga nossa... Então meio que fomos morar no bairro mais pobre de BelaVista... E consequentemente, eu comecei a estudar numa escola com fama ruim desse bairro.
- Meu colega de sala se chamava Lawrence. Os pais dele eram usuários de drogas e ele foi criado pelos avós... E ah, os avós estavam sempre indo lá na escola, por causa do que ele aprontava. - Dione suspirou, limpando as lágrimas. - Como ele era meu vizinho, ele sempre aparecia em casa, para "brincar" comigo. Mas sempre acabava em alguma agressão...
- E você contou ao seu pai? - Perguntou a policial, erguendo a sobrancelha.
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