East-West – As crônicas de uma escritora sem sorte. - 01 - Por Mari Ana.

“As nuvens vagueiam no espaço sem lar nem raiz. O ódio não é o real é a ausência do Amor...”

Música de cena: Andrew Galucki - I Know The way Home

Depois de tantos problemas e caos, me sinto estranha em saber que estou de volta a Brindleton Bay. O maior problema é que agora minha mãe mora com meu padrasto, e eu o detesto. Okay que ela está de bem com a vida, e de bem com ela mesma. Porém em palavras diretas, o tal cara era e ainda é um grande de um babaca machista e conservador.

- Então... Salem, essa é a sua nova casa – murmurei de maneira que apenas o gato podia me escutar.

Meu nome é Alice Mitsuha, sim meu sobrenome é esquisito assim mesmo. Tenho 22 anos e sou uma escritora que anda no fundo do poço há pouco tempo. Porém parece que já é bastante tempo. Mas sabe como isso aconteceu?

Desde a morte de meu pai eu não sei mais como lidar com a escrita, sem contar que depois de escrever um grande fracasso, brigar com meu noivo e o ver me traindo na minha própria casa. E bom desde sempre ando tristonha por causa dessas coisas que vem acontecendo. Bem, nem tanto. Hoje eu me considero um tanto feliz, mas de qualquer forma. Vamos às desventuras de minha vida.

Entrei com o gato em minhas mãos, e logo atrás o taxista vinha com as minhas malas. Deixando-as no hall de entrada, quando pisei no corredor que dava entre a sala e a cozinha. Sorri brevemente ao sentir o cheiro da famosa panqueca de minha mãe, assim. Corri diretamente para a cozinha, ainda com Salem em meus braços. Eu apenas observei através do vidrinho da porta, até resolver entrar.

- Hmm... Acho que você acertou novamente no prato dona Carmen! – Entrei na cozinha e ao ver aquele sorriso maravilhoso dela eu me animei! Fala sério, gente. Mãe é mãe. Não dá pra ficarmos tão longe assim delas sem sentir falta.

- Alice! Não pensei que voltaria tão cedo.

A surpresa e alegria em seu rosto era uma coisa sensacional de rever. Sem contar que meus irmãos estão completamente crescidos, Dafne no canto o sem camisa e o mais velho é o Jim, o menor de todos, mas é o grande garoto dessa maldita casa, é o Mike. OS: Eu amo todos igualmente, porém Mike é o único que ainda dá pra salvar. Sooo. (tradução: Entããão)

- Olha pai a Al voltou! – Mike sorria animado.

- Muito conveniente sua chegada, garota!

Eu fingi que não escutei definitivamente ele estava apenas fazendo graça na frente da mãe.

Deixei Salem no chão e me aproximei dos mesmos, eu estava bastante feliz em vê-los novamente!

Minha mãe veio até mim e eu não resisti. Dei um grande abraço apertado nela.

- senti sua falta, mãe. – fechei os olhos e abri um imenso sorriso ao sentir aquele abraço apertado sendo retribuído.

Eu sumi... Não seria nada mais justo que ela me odiar, sumi sem dar noticias, eu estava perdida e vejo que nada mudou e ela continua a me apoiar... como sempre fez

- Também senti querida – ela afirmou. – Agora se junte aos seus irmãos e ao Dan para tomar café. Você me pegou de surpresa. Mas qualquer coisa eu faço mais panquecas!

- Estou sem fome, e ah, aquele é o Salem e ele irá morar comigo por tempo indeterminado. Tem problema?

- Não na minha casa! – Dan se prontificou de maneira grosseira.

- Qual é sargento pimenta, é até eu arrumar meu apê.

Aproximei-me da mesa, e vi que Salem já estava se dando bem com o Mike.

- Esses meninos já dão trabalho o suficiente, sem contar que agora você chegou, não acha que já está velhinha para brincar com bichos de estimação?

Bufei ao ouvir tal comentário, tão idiota, como  minha mãe se apaixonou por esse robô do governo?

- hmm acho que não, você não está velhinho para cuidar da vida dos outros? – zombei do mesmo não pude deixa-lo me humilhar assim, logo eu, a rainha do desaforo? Com tal comentário consegui arrancar algumas risadas de Mike e Dafne, dessa vez até da cópia do Dan, o Jim.

- Qual é pai, um bicho de estimação não fará mal a ninguém, não acha? – Jim se meteu. – Vamos lá mana, eu te mostro seu quarto. – Ele sorriu e se levantou.

Não evitei sorrir, parece que eles estão saindo do casulo onde Dan os meteu, e agora estão criando opinião própria. Finalmente!

... Acho que já deu para ter uma pequena ideia de como é a minha relação com meu padrasto, e deu pra ver que realmente não é lá essas coisas. Já Jim, ele mudou bastante. Queria ter tempo para conversar com todos eles, mas estou aqui à procura de um trabalho e por causa do natal também. Faltam dois dias apenas!

Então Jimmy me levou até meu quarto, caminhamos e conversamos sobre coisas bobas, e talvez um tempo sozinha novamente não vá me fazer mal.

- então, essa é a sala de jantar que vamos reformar ‘pro natal ainda, possivelmente hoje! – Jim riu, esse menino de péssimo e grosseiro se tornou um ótimo menino. Não tinha como reclamar dele. Ainda sim é meu irmão. E devo proteger esse “neném”.

- nossa, ‘Daora!

Respondi com um certo desanimo, pois eu estava pensando em todas as brigas que tive com minha mãe por causa da forma que ele e o Dan a tratavam, e pelas merdas que andei fazendo pelo campo. Meus arrependimentos passados e etc. mas hoje não é dia de reclamar né? Rever a família sempre é bom, tentarei manter-me animada.

Quando cheguei em quarto, foi uma felicidade que só porque pela decoração sei que foi a mãe e a Daf que fizeram, elas sabem exatamente o meu gosto e ficou tudo tão... Perfeito que dessa vez não posso nem dar uma de rabugenta e reclamar.

- Pronto, sã e salva em seu próprio quarto. – Jim disse em sua forma brincalhona e eu não evitei sorrir.

- Obrigada meu cavalheiro de armadura reluzente por me trazer até meu... belo... muito belo quarto. – entrei na brincadeira.

- Olha, não leva a sério o que o pai diz. Ele é ‘mó babaca às vezes, e de qualquer forma, você sempre será bem vinda nessa casa. – Ele sorriu de maneira simpática e eu devolvi o sorriso em forma de gratidão. Pelo menos alguém vê minha estadia por aqui como uma coisa boa. – sinto-me aliviada em saber disso, Jimmy. Se não se importa. Posso ficar um pouco sozinha, para aliviar o estresse da viagem?

- Claro mana! Qualquer coisa é só chamar, valeu? Já trago suas coisas e ah, tem toalhas no seu armário e acho que tem algumas roupas que você deixou aí.

E foi o que fiz, tomei um belíssimo banho, troquei a roupa que estava usando, pois estava imunda da viagem e voltei para meu quarto.

Sentei de frente para o computador, respirei fundo e abri o wordsim, tentando pensar em algo novo para criar. Mas nada. Não saía nada.

Fiquei encarando aquela tela com um arquivo em branco, sem acreditar que estaria fazendo mesmo aquilo novamente, e como eu perdi a prática nisso. Senti meu celular vibrar e não pensei duas vezes em atendê-lo.

- Alô?? – minha voz estava um tanto rouca pelo desanimo que me consumia agora. – Bom saber que voltaste para a cidade. Adoraria revê-la. Acredito que já tem o pacote, não? – a voz do ser no telefone parecia estar alterada para que eu não reconhecesse.

- Quem fala?

- Fique atenta. – o mesmo ser pelo telefone desligou e minha cara de duvida começou a aparentar em meu rosto “Será que é o que estou pensando que é?” Pensei de forma duvidosa. Até que bateram na porta do quarto

- Ei mana, posso entrar? – Daf perguntou do lado de fora – Claro, entra aí – respirei fundo e dei um leve tapa na testa de “Meu deus que merda era essa?”.

- Entããão, tem bem um boy te esperando lá na porta e não é o embuste do Scott. – Daf entrou – ele me pediu pra dizer que é um amigo de infância. Entããão. Já shippo.

Daf não havia me dado nem espaço pra falar, ela só entrou falou o mais rápido possível e saiu do quarto.

- Okay...? – levantei-me com a expressão facial confusa e fui até a porta ver quem era.

Posso dizer que realmente não consegui reconhecer aquele maldito que agora tinha uma barba enorme, e que mudou o estilo para hipster, acho que não consigo nem ver ele desse jeito, em minha mente, ele aparecia da mesma forma que o vi uns sete anos atrás. E posso dizer. Dia 23 de dezembro de 2017. Está sendo o dia mais feliz da minha vida. Cheio de nostalgia e com um novo recomeço.

- O que os ventos trazem novamente? – Johnny havia dito com o enorme sorriso de dentes separados que ele tinha.

Ignorei o que ele tinha dito e apenas parti para o abraço.

- Joohnny! – Eu ainda tentava acreditar que ele estava aqui e que estava me abraçando.

- Sim, sou eu mesmo japinha! – ele de certo modo estava bem feliz também.

- Então, eu soube pela sua mão que você voltou, e não seria nada mais justo do que eu te chamar para sair, e te ajudar a aliviar o estresse da viagem, não acha? - Ele sorriu simpático e tinha certeza, eu precisava sair, me distrair um pouco e ver o que a vizinhança e o próprio Johnny tinha a me oferecer. – Eu topo, só se formos àquela cafeteria de Windenburg. – eu disse de maneira sincera e dessa vez realmente sorridente.

- Hmm, É justo. Vamos? – Ele abriu um largo sorriso e eu apenas assenti com a cabeça.

E assim partimos para a tal cafeteria, e uau! Mais um choque de nostalgia, eu não acredito que tudo estava tão... tão igual, sim, isso chama atenção dos turistas porém era uma obra-de-arte aquela cafeteria, aquela vista então. Nem se fale!

Quando entramos, Johnny foi diretamente pedir nossos cafés. E sabe quem era o barista? Nada mais nada menos que o grande Don Otá... Lotário! Isso o grande “galinha”. Servindo cafés na cafeteria local.

- Um café americano e um Cappuccino para a moça, por favor. – Ele pediu e eu fui diretamente procurar um local para ficarmos sem interromperem nossa conversa.

Ele havia chegado e me entregado o cappuccino, como sempre ele acertou novamente meu gosto.

Assim conversamos sobre diversas coisas, desde as mais bobas de nossas infâncias até o que estávamos fazendo com nossas vidas hoje em dia.

Houve até um momento onde acabei me chateando pelo telefonema que recebi mais cedo, eu não fazia a menor ideia do que se tratava e tenho certeza que você mesmo deve achar que estou metida em coisa errada.

Ele começou com as nerdisses dele quando eu estava chateada e fez com que me animasse. Era como se o tempo perto dele passasse rápido demais. De 12:00 já eram quase 19:00

O mesmo levantou assustado: – Iiih minha banda!

- você tem uma banda? – fiquei surpresa e não consegui evitar minha expressão.

- Claro. Minha meta é passar o indie para o mundo sim! – ele sorriu.

- vem, quero te apresentar o pessoal. – Ele ajudou-me a levantar e saímos da cafeteria.

~ horas mais tarde. ~

Distrito da arte, o que seria mais belo comparado a esse distrito? Acho que nada, era por aqui que Johnny morava, eu não via a hora de conhecer a sua banda!

Enquanto ele ia na frente, eu apenas o seguia, e ah! Ele me disse para me permanecer longe daqueles “mutcha lutcha” porque eles são agressivos e gritam demais, bom eu não vou esperar pra ver... Então...

Ao chegar no corredor de seu “apê”, ele saiu abrindo a porta, e puta merda! Ele anda muito rápido, tenho ficado pra trás em quase todas as fotos, aff.

Ao entrar, ele foi falar diretamente com um de seus amigos, possivelmente de sua banda também.

E a primeira coisa que fiz foi ir até um cachorrinho que vi, logo que entrei na casa.

- Al, cuidado com Rocky, é bipolar igual à dona – Johnny riu mas pelo menos me avisou.

Sem dar ouvidos, ao Johnny fui chegar perto do cachorro para acaricia-lo, mas o mesmo me rejeitou.

- Hey Al, vem conhecer o pessoal! – Johnny me chamou e ele parecia animado. – Okay! – afirmei, voltando para a cozinha.

Me aproximei dos mesmos. O rapaz fazia Sanduiches de queijo e o cheiro estava maravilhoso!

- Al esse é o Dyllan e Dyllan essa é a Alice Mitsuha! – Johnny se afastou um pouco para que Dyllan pudesse apertar minha mão

- Mitsuha? Não brinca! Tipo o escritor Adam Mitsuha?! – ele me parecia animado e apenas assenti com a cabeça

- como você sabe sobre meu pai? Era um de seus fãs? – brinquei e logo após sorri

- claro! Eu er... sou apaixonado pelas crônicas dele, e adoraria pegar um livro seu – o rapaz parecia encantado

- É melhor eu te tirar daqui antes que ele te ataque com esse negocio de Adam Mitsuha. – Johnny botou as mãos em meu ombro e me guiou até a menina que estava pintando a parede, acho que ela estava fazendo um mural.

- tá ficando foda o seu mural! Esse é o espirito! – Johnny zombou

- Para de idiotice, só tá em branco... ainda – A mesma menina riu

- North, essa é a Alice, e Alice essa é a North – Johnny nos apresentou e eu apertei sua mão

- Então vocêêê é a famosa Alice. Johnny não parava de falar de você – Ela se virou para mim e fez uma careta engraçada – Cala a boca! – Johnny falou entredentes.

- Então ele falava de mim? – provoquei – bom saber que o crush dele por mim ainda não morreu.

North acabou caindo na gargalhada ao ver o rosto de Johnny corar imensamente. Não evitei, então eu acabei rindo junto com ela.

- Éérr... Chega.. você sabe onde Cameron se meteu?

- Olha J, eu não sei. Possivelmente ela tá no clube ganhando uns trocados novamente, por que não leva a Alice até lá e me deixa trabalhar no meu mural?

Eles ficaram conversando por um tempo, até resolverem finalmente de ir todos ao clube junto, estava escuro por completo dessa vez.

E North me emprestou alguma de suas roupas para podermos ir ao clube. Ela era realmente uma pessoa muito gente fina, assim como Dyllan, e pelos olhares que Dyllan dá para ela, posso sentir que ele sente alguma coisa por North.

~ alguns minutos depois ~

- Cara, elas estão demorando demais, tudo isso por causa de uma balada – Dyllan começava a ficar impaciente. – calma mané, elas já devem estar vindo – Johnny o confortava com suas palavras.

Mas oque eles não esperam é o quão belas suas parceiras estão.

- E Voilá!! (em linguagem nacional: Vualá) – North saía do quarto junto com Alice, a qual aparecia estar terrivelmente envergonhada.

- M-E-U D-E-U-S – E essas e mais uma expressão de surpresa, foram a ultima coisa que apareceu no rosto de Johnny e de Dyllan.

Música de cena: The Kooks - Murderer

*Cena Extra*

- Você já tem tudo planejado? Acredito que aquele amiguinho dela vá levar ela para alguma danceteria ou algo do tipo, espero que você fique esperto Fogazza, quero essa garota longe antes do natal. Espero que você saiba o que estava falando, depois eu te ligo novamente.